Pera, não desiste, só quero ajudar. Ajuda tipo “pegar pela mão”.
Nos últimos meses muitas mães (sim, só mães), têm me procurado
para ajudá-las no manejo da alergia alimentar na escola.
Pensando nisso, com a ajuda da linda da Solange Cianni, pensei em um pequeno guia de sugestões de como trabalhar o A Branca de Leite.
Esse material não tem pretensões científicas e muito mesmo limitantes, seu objetivo é inspirar professoras a trabalhar o livro em sala e incluir as crianças com alergia alimentar!
A alergia alimentar é uma séria questão de saúde pública. Sua ocorrência afeta inúmeras pessoas o que impõe a adoção de políticas públicas de conscientização sobre o tema. Neste sentido, em algumas cidades do Brasil, a partir de iniciativas da sociedade, foi instituída a Semana de Conscientização sobre Alergia Alimentar quando são promovidas ações de conscientização a fim de incluir os alérgicos alimentares e, sobretudo, evitar reações alérgicas.
É imprescindível que a sociedade como um todo, especialmente as escolas e serviços de saúde, discutam e estabeleçam métodos para não só incluir os alérgicos, como também prevenir reações alérgicas a partir de exposições desnecessárias ou acidentais, que, além do risco e prejuízos pessoais e sociais, significam gastos do sistema de saúde público ou suplementar.
A data, terceira semana de maio, foi estabelecida internacionalmente por algumas instituições. No Brasil, o estado do Pernambuco e a cidade de Campos dos Goitacazes tem lei aprovada instituindo a mesma data. Em São Paulo, Brasília, Espírito Santo e Piracicaba tem projeto de lei em andamento.
Mas esse papo formal e embolorado não combina comigo e independente de iniciativa pública venho fazendo a minha parte divulgando a causa em ações virtuais e presenciais.
Nesse ano de 2018, por motivos pessoais, não participarei presencialmente de nenhum evento e estou especialmente de coração partido pela semana em Campos dos Goitacazes capitaneada pela jornalista Flávia Ribeiro Nunes Pizelli, que tenho certeza será uma arraso.
Assim, fazendo o que me resta, a divulgação virtual, segue minha contribuição: o áudio livro do A Branca de Leite maravilhosamente produzido pela C de Coisas, história que nasceu do e para meu ativismo. Com as vozes de Adriano Siri, Adriana Nunes, Luciana Amaral, Theo Camanho, Marcello Linhos e Lis Nunes e Trilha original de Marcello Linhos, Direção e montagem: Adriano Siri e Produção C de Coisas.
Sabem aquelas dicas que a gente pensa: “ah se tivessem me contado isso antes?”, pois é, essa do diário alimentar é uma delas.
Quando recebi o diagnóstico da APLV (alergia ao leite de vaca) de Samuel não foi nada fácil. O médico foi certeiro e deu o tratamento: excluir o alimento da dieta. Parece bem simples, não? Mas não é nada simples.
O dia-a-dia da alergia não se aprende no consultório, por mais que o médico tenha muito conhecimento e boa vontade. Decidimos juntos, o médico e eu, a acompanhar quinzenalmente nessa primeira fase de diagnóstico e tratamento.
Algumas consultas eram muito animadoras, outras nem tanto. Eu ficava completamente perdida. Parecia estar fazendo tudo certo, mas os sintomas iam e voltavam. Depois de dias investigando o que estava furado na minha alimentação, decidi tomar nota de várias coisas diariamente, fazendo assim um diário alimentar.
O diagnóstico do Samuel veio quando ele ainda estava em AME – Aleitamento Materno Exclusivo – logo, quem fazia a dieta era eu. Então, neste Diário eu anotava diariamente:
todas as refeições feitas, incluindo as marcas e os temperos;
medicamentos, vacinas e complementos vitamínicos utilizados por ambos, registrando o laboratório, inclusive;
produtos de higiene pessoal de ambos, meus e dele;
cosméticos;
reações do bebê:
5.1- Comportamento:
–Sono
–Irritabilidade
5.2- Respiratório:
–Tosse
–Catarro
–Chiado no peito
5.3- Gastrointestinais:
–Fezes (muco, sangue, diarreia, cor e consistência)
–Gazes
–Cólicas
— Vômito ou refluxo
5.4-Pele:
–Coceira
–Edemas
–Urticárias
–Assaduras
Mudanças importantes de rotina, como passeios, consultas e visitas.
Muita coisa para escrever, não é? Para ficar mais fácil, Elias, o pai, fez uma tabela onde só preenchíamos os espaços.
O diário entrou na nossa rotina sem muita dificuldade, IMPORTANTE, sem ser um peso. O caderno ficava lá: ao lado da minha cama, e eu o preenchia. Algumas vezes inseria desabafos, outras piadas, outras escrevia: “o mesmo de ontem”, “nada de novo”, “vou enjoar de cuscus”, “esse bolo tava bem ruim”… ele, o diário, não foi uma grande obrigação, foi uma ajuda e que me limitei a manter atualizado.
Partindo dessas anotações, foi possível diagnosticar a alergia a ovo e também descobrir onde havia erros na minha dieta, possibilitando acertar o tratamento do meu filho. Acontece que nos casos de alergia alimentar, exames são complementares, para o diagnóstico a observação clínica adequada é fundamental e o diário foi um mecanismo maravilhoso para se chegar à cada conclusão.
O trabalho valeu a pena! Que bom que posso dar essa dica a está começando!
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